quarta-feira, 13 de abril de 2011

Calcular o incalculável



As mortes de crianças na escola de Realengo, no Rio de Janeiro, são o retrato de uma sociedade que procura nos números representar o incalculável prejuízo causado por ela mesma. Antecipar campanha do desarmamento e aumentar a segurança nas escolas são medidas paliativas que não vão conter o que está entranhado na mente doente de seres humanos que alimentam a desilusão, o preconceito e a falta de oportunidade ao espírito perverso.


A prova da ineficácia destas ações está nas medidas adotadas pelos Estados Unidos para conter este desequilíbrio, mas, vez por outra, o problema volta a acontecer. Trilhões foram gastos na guerra do Afeganistão e do Iraque na tentativa de acabar com o terrorismo e até hoje a população destes países sofre com a insegurança e sonha na esperança de dias melhores. Calcularam o armamento que iriam usar, quanto seria gasto, o que ganhariam com esta guerra, mas esqueceram que do outro lado estavam mentes com poderes incalculáveis dispostas a morrer pelo troféu do sofrimento.


É muito fácil calcular ações imediatistas: controlando a venda de armas, diminuiremos mortes; aumentando o número de segurança, controlaremos os atos de violência. Mas não é de imediatismo que alimentamos a mente humana. Se dermos liberdade de escolha de religião ou sexualidade, por exemplo, vamos ter mentes menos oprimidas. Se escutarmos mais antes de punir, estas mentes pensarão antes de tomar uma ação. Se dermos amor de forma exagerada, aí nem espaço estas mentes terão para colocar pra fora sua perversidade.


Cada ato de extremismo e cada corpo enterrado são provas da incalculável dor da ausência de uma família, da privação imposta por uma sociedade que só enxerga os valores materiais. Ou aprendemos a conviver com as diferenças ou lutaremos numa guerra de mortes incalculáveis.

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