sexta-feira, 27 de novembro de 2009

À espera de um novo dia



Certo dia, ao observar uma família que morava em um dos grandes centros do país, pude perceber que existiam duas filosofias de vida passadas para os filhos daquela família. Uma era utilizada quando entrava em casa e outra quando passava do portão da frente com destino à rua. A forma de falar, de cumprimentar as pessoas, de ouvir e até o estado de espírito mudavam quando saiam de casa.


Aquilo foi me chamando atenção. Em determinada ocasião, encontrei o patriarca da casa e lhe perguntei: “Por que seus filhos se comportam de uma forma em casa e na rua eles são outras pessoas?” E o pai nem concatenou o que iria responder e me disse: “Mostrei para eles que existem dois mundos: o que os aguarda depois do portão da frente é cheio de mentira, inveja, ódio, traição, ausência de esperança e tantas coisas que poderíamos passar o dia inteiro aqui elencando. Mas, ainda existe o outro mundo que está do portão para dentro, e este, sim, os aguardava com amor, felicidade, esperança e união.”

Ele terminou me dizendo que criava os filhos para saber conviver com o mundo. Aquilo me fez refletir e cheguei à determinada conclusão que mundo que o pai apontava, como aquele depois do portão da frente, nada mais era do que um reflexo desta percepção errônea de se educar os filhos.


Devemos educar o mundo para os nossos filhos e não os nossos filhos para o mundo. Ou invertemos estes valores de amor, felicidade, esperança e união para os que estão lá fora ou, em um futuro bem próximo, eles serão recebidos de braços abertos pela inveja, maldade, ódio e pela traição.


A vida é como o eco das montanhas, quando a chamarmos de feia, de mentirosa, de insuportável, ela nos devolverá aquelas palavras em forma de eco. Agora se a chama de bonita e de bela, ela fará os teus dias mais alegres, bonitos e iluminados.


Fonte da foto: conversadeliquidifica

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Em cartaz: o teatro da vida real






Vinícius de Moraes e Toquinho um dia cantaram assim: “Sei lá, sei lá, a vida é sempre uma grande ilusão. Sei lá, sei lá, a vida tem sempre razão”. Essa é a letra da música “Sei lá, a vida tem sempre razão”, que hoje faz parte da trilha sonora da novela Viver a vida, da rede Globo. Esta estrofe é profunda e nos remete a uma pergunta: a vida é uma verdadeira ilusão ou o ser humano transforma esta dádiva em um teatro de ilusões?


Se fôssemos montar uma peça, não faltariam elementos, nem situações para montarmos o teatro da sociedade atual. Os nossos primórdios, de forma sincera, já se fazia uso desta arte, só que de forma ritualista, como adoração aos deuses da época. Para eles, era uma forma de agradecimento àquilo em que acreditavam.

Eles não eram atores e nem encenavam para comprovar a verdadeira fé. Para eles, a fé era a dimensão da verdade, e verdade não se omite, não se encena, não se ilude. Pois bem, a sociedade da “transformação” conseguiu fazer do seu teatro, chamada vida, uma verdadeira ilusão. Ilusão do caráter, quando acredito que ferir meus princípios nada mais é do que ser igual aos outros; ilusão da verdade, quando não consigo nem ser verdadeiro comigo mesmo; ilusão do amor, quando imagino comprá-lo para saciar meus desejos.

Na verdade, os compositores desta música não fizeram nada mais do transportar a realidade em letras harmônicas. Para viver a vida, não precisa encenar, nem ter o dom de ser ator, nem fingir que esqueceu o texto.


Seja você, transforme seu texto nas palavras que vão fazer um mundo mais justo, erga a cabeça e diga que é feliz porque não encena riqueza, sorriso e nem frustrações.




Fonte de foto: casaxv.blogspot.com