segunda-feira, 12 de abril de 2010

O mundo pobre dos pobres




É abrir a janela e se deparar com um emaranhado de casas uma em cima da outra, sem infraestrutura nenhuma. Do alto se enxerga tudo, os bairros mais nobres, os shopping, os restaurantes finos, mas aquela vista privilegiada esconde o risco que correm essas famílias todos os dias quando o tempo muda.

É mandarmos os nossos filhos para as escolas públicas e o que encontramos são professores desmotivados pelo baixo salário que ganham, salas de aulas com quadros de giz, sem ventilação, e ainda não são todos os dias que se encontra merenda. E se as crianças adoecerem, ficaremos em longas filas à espera de uma consulta, em hospitais que faltam médicos, faltam medicamentos e sem infraestrutura nenhuma para atender os pacientes.

Só servimos para aumentar estatísticas da violência, de mortes e desemprego. Pesquisas recentes apontam crescimento da classe C no país, que já representa hoje 49%, enquanto as classes A e B, juntas, representam 16%. Os outros 35% ficaram com as classes D e E. Esses dados foram divulgados pela a imprensa e o órgão avaliador como positivo. Basta refletirmos um pouco para saber que, dificilmente, melhoraremos estas estatísticas.

Esse quadro em que vivemos hoje me faz lembrar a história de um rei que governava um determinado país. Depois de décadas de reinado, o rei estava percebendo que algumas pessoas começavam a ficar inquietas com a situação em que viviam. Com medo de uma revolução popular que pudesse tirá-lo do poder e assim perder toda aquela mordomia, o rei reuniu alguns dos seus amigos para relatar a situação. Depois de ouvi-lo, um dos seus seguidores levantou a mão e disse que tinha a solução para aquele problema.

O rei, animado com o que tinha escutado, pediu para que explicasse o que tinha pensado. O seu amigo disse que tinha um remédio que, se usado na comida oferecida à população, todos perderiam sua consciência, e desta forma não reclamariam da real situação.


O rei não teve dúvidas, mandou comprar o remédio e, no dia seguinte, serviu a toda a população. Ao invés de melhorar, o rei notou que a situação tinha piorado, pois agora a população já não entendia o que o rei explicava e reclamavam de tudo. Pressionado, o rei resolveu reunir de novo os seus amigos e tomou uma decisão que ninguém esperava. Ele resolveu também tomar o remédio e ficar igual à população, sem consciência. Até hoje ele governa sem problema nenhum.


Essa história nos faz lembrar os políticos brasileiros. Realmente, eles aprenderam com o rei a falar a língua dos loucos. Melhorar a saúde é falir os empresários que financiam campanhas e que também são donos dos planos de saúde. Melhorar a segurança pública é prejudicar as milícias, os coronéis e deputados que não sabem mais onde guardar dinheiro com as empresas de segurança.


E na educação? Será que se tem interesse de mudar esta realidade? Não querem criar jovens críticos e conscientes para no futuro reclamarem da situação.


Pois bem, os pobres do Brasil só podem contar com o amor de Deus, este que é infinito. Ao invés de perguntar “o que queres tu de mim?”, Jesus inverteu e disse: “de mim o que queres?”. Assim, ele continua derramando o seu amor, sabedoria, felicidade para aqueles esquecidos por este mundo apodrecido.


Fonte da foto: isadoraduncan.es